Previsões de rentabilidade a um ano para o crédito norte-americano investment grade em vários cenários de evolução das taxas e spreads

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Créditos: Timis Alexandra (Unsplash)

A mudança de paradigma do mercado será, provavelmente, favorável para as obrigações. Esta é a opinião de Benoit Anne, gestor e membro do grupo de Soluções de Investimento da MFS Investment Management, que acredita que o regime de medo da Fed tem sido historicamente o pior cenário para o mercado de obrigações. “É provável que as perspetivas de rentabilidade das obrigações melhorem quando este regime ficar para trás. No regime de medo da Fed, tanto as taxas como os spreads aumentaram, pelo que atuaram em uníssono em detrimento da rentabilidade total”, explica.

Por este motivo, o especialista assinala que a maioria das classes de ativos globais de obrigações apresentaram rentabilidades negativas de dois dígitos em 2022. “Por outro lado, nos regimes de domínio do crescimento, espera-se que os movimentos dos spreads e das taxas se neutralizem mutuamente, o que - na sua opinião - significa que as possíveis perturbações nas rentabilidades não se irão intensificar”, afirma.

Matriz de possíveis resultados 

Se analisarmos a matriz de possíveis resultados dos movimentos das taxas e dos spreads no crédito norte-americano com classificação investment grade, Benoit Anne observa que a rentabilidade prevista a um ano apenas será negativa se o mercado registar movimentos significativos. 

“Por exemplo, no regime de medo da Fed, a rentabilidade prevista a um ano do crédito norte-americano com investment grade só passará para território negativo se a variação líquida dos movimentos combinados das taxas e dos spreads for de pelo menos 90 pontos base (um alargamento dos spreads de 120 pontos base e uma queda das taxas de 30 pontos base representam uma variação líquida de 90 pontos base). Embora não se possa descartar um movimento de tal dimensão, este estaria provavelmente associado a um cenário de recessão grave”, explica. 

No geral, acredita que a probabilidade de rentabilidades negativas no universo de obrigações deve ser menor no futuro. “Isto deve-se aos maiores rendimentos procedentes das maiores yields, o que eleva a fasquia para rentabilidades absolutas negativas”, conclui.