Passou um ano desde que Bernanke propôs começar a reduzir o ritmo de compras. As gestoras analisam a evolução dos distintos ativos de obrigações no último ano.
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Passaram 12 meses desde a mensagem que Ben Bernanke pronunciou a 22 de maio de 2013 e que revolucionou os mercados: a possibilidade de se começar a retirar os estímulos quantitativos da economia norte-americana dado o seu maior fortalecimento. Essa foi a fase inicial das vendas massivas, na qual as obrigações protagonizaram a máxima do mercado “sell in may and go away”. Um ano depois, a Funds People foi saber junto das gestoras internacionais algumas reações sobre a mudança de discurso da Reserva Federal, e sobre as perspetivas para investir em obrigações num futuro próximo.
Um ano nada mau para as obrigações
A verdade é que, apesar do período mais cinzento que se viveu no verão passado, os especialistas consultados concordam em dizer que, numa abordagem global, as obrigações conseguiram “sair airosas” nos últimos 12 meses. Garret Walsh, responsável de análise de crédito da Pioneer Investments, sublinha precisamente que as obrigações corporativas europeias com grau de investimento, se comportaram muito bem, com retornos de 5%, frente ao índice BofA Merril Lynch EMU Corporates Large Cap. “Os últimos doze meses têm-se caraterizado pela combinação do efeito técnico positivo (com fortes fluxos de entrada), e pelo fortalecimento dos balanços empresariais e financeiros. Isso proporcionou um sólido suporte para as valorizações e elevou os preços (reduzindo portanto os spreads)”. A isto acresceu, segundo o especialista, uma forte procura de rentabilidade entre os investidores de obrigações, o que atrasou o processo da “grande rotação”.
Scott Service, gestor de fundos da equipa de obrigações da Loomis Sayles & Company, filial da Natixis Global AM, destaca que “o high yield se comportou de forma assinalável durante os últimos 12 meses”. Durante este tempo, destaca que o índice Barclays US HY gerou um retorno total de 6,05% interanual, com um excesso de rentabilidade de 7,21% em comparação com as treasuries, enquanto que o Pan-Euro HY gerou uma rentabilidade de 10,5% e um excesso de retorno de 10,7%, durante o mesmo período. “Apesar de uma breve fuga em direção à qualidade no início deste ano, por causa da volatilidade nos mercados emergentes, a procura pela rentabilidade continua neste contexto de taxas baixas”, acrescenta.
“Se perguntar a muitos investidores se 2013 foi um ano duro para os mercados emergentes de obrigações, a intuição da maioria será de responder que sim, dada a “birra” que envolveu o tapering em maio, num ano em que existia uma forte pressão de subida da rentabilidade das obrigações. No entanto, se se observar o índice Barclays Global Aggregate sem risco cambial, o comportamento em todo o ano de 2013 foi de -0,14%. Por outras palavras, quase nada, diz Adrian Bender, especialista sénior de produto de obrigações globais da Amundi. Bender explica que isso aconteceu porque embora se tenham registado fortes vendas das bunds, gilts e quase todos os componentes da curva norte-americana, recuperando o treasury a 10 anos, de 1,5% para os 3%, a dívida nipónica, italiana e espanhola e do resto da periferia, assim como as obrigações empresariais, sofreram um rally de subidas.
O especialista explica que, atualmente, e desde o início do ano, as obrigações se têm apoiado nos dados macro globais decepcionantes, especialmente aqueles que são provenientes dos EUA, causados em parte pelo impacto adverso que a meteorologia teve no PIB, que fez com que os títulos do tesouro norte-americanos recuassem a 10 anos até aos 2,5%. O índice Barclays Global Agreggate acumula uma subida de cerca de 3,5% ao ano. Depois dos fortes fluxos de saída em 2013 e no primeiro trimestre de 2014, as obrigações emergentes começam a emitir sinais de recuperação desde fevereiro. E mais importante: “Para surpresa de todos, as obrigações bateram as ações, o que se torna mais surpreendente tendo em conta o massivo consenso a favor das ações face às obrigações”, afirma.
A única entidade que mostra uma opinião divergente é a Franklin Templeton Investments: “Em geral as obrigações tiveram um mau comportamento. Se analisarmos as obrigações core (EUA e Alemanha), apesar do rally que estão a ter em 2014, as rentabilidades foram praticamente nulas durante o último ano”. A postura da entidade é mais pragmática no que diz respeito às obrigações emergentes, já que os especialistas da casa de investimento asseguram que “se comportaram mal de uma forma geral, mas bem se se tiver sido seletivo”.