A Axa Investment Managers veio a Lisboa apresentar as suas perspetivas para 2024. Depois de um ótimo final de 2023, gestão flexível, alocação tática e foco em alguns setores estratégicos no investimento em crédito parecem estar na ordem do dia (ou do ano).
O início de cada ano é sempre marcado não só por avaliações do anterior, mas também pela apresentação de perspetivas para o ano corrente. Nessa linha, a AXA Investment Managers veio a Lisboa partilhar as suas ideias e convicções para 2024, focando, objetivamente, no mercado de rendimento fixo e ações. Contudo, em particular no mercado de crédito europeu, o que sobrou de 2023 para 2024?
“O ano de 2023 foi um ano excecional em termos de desempenho do mercado de crédito”, começa por dizer Boutaina Deixonne, diretora de Crédito Euro IG e HY da AXA IM. Mas, admite, “se recuarmos e perguntarmos quantas pessoas esperavam um desempenho tão positivo há um ano, tenho a certeza de que seriam poucas”. A resiliência do mercado, que superou as expectativas face à recessão iminente e o rendimento atrativo foram as principais razões apontadas para tais resultados. Ainda que a volatilidade das taxas de juro tenha afetado o mercado, os spreads mantiveram-se estáveis.
Para 2024, a profissional mantém-se confiante nesta classe de ativos. “Continuamos positivos e construtivos em relação ao crédito, tanto em investment grade como em high yield”, ressalva. “No caso de investment grade observamos atualmente yields de 4% para uma duração média de 4 anos”, o que se traduz, segundo a profissional, numa vantagem face às obrigações governamentais, já que proporciona yields atrativas para uma duração inferior. Particularmente neste segmento de dívida, sublinha, “observando de uma perspetiva histórica, tem oferecido as yields mais elevadas da última década, ao mesmo tempo que a duração tem vindo a diminuir”.
Setores de eleição: imobiliário e financeiro
Com base na análise fundamental às empresas, a diretora de Crédito da entidade gestora regista “alguma deterioração no terceiro trimestre, especificamente na indústria transformadora, afetada pelos preços mais baixos das matérias-primas e uma procura mais fraca”. Mas, acrescenta, “o resto tem sido bastante satisfatório e acima das expectativas em termos de crescimento das receitas”.
No que respeita à alavancagem, a profissional da AXA IM prevê “um ligeiro crescimento para este ano”, mas “não é algo que me assuste”, ressalva. Destaque para a liquidez que, segundo explica, “apesar de ter diminuído no último trimestre, a tesouraria das empresas ainda é superior ao registado antes da pandemia”.
Para a diretora de Crédito, uma boa surpresa em 2023, e sobre a qual continuam positivos para 2024, é o setor bancário. Naturalmente, suportado pelas elevadas taxas de juro. Apesar de considerar que estas tenham já atingido o seu ponto mais alto, a profissional crê que “em algumas regiões ou países - não só França e Países Baixos - mas também Espanha e Itália, continuarão a registar-se margens de lucro significativas”. Também o setor imobiliário é um dos setores identificados pela profissional da AXA IM, com potencial para 2024, já que “o crescimento das rendas e os lucros daí adjacentes continuam a ser um caminho atrativo”, embora a alavancagem seja globalmente bastante elevada.
AXA WF Euro Credit Total Return: flexibilidade, proatividade e convicções
Dentro da oferta disponível em crédito europeu, a entidade gestora salientou o AXA WF Euro Credit Total Return. Este fundo com Rating FundsPeople 2024, é caracterizado como sendo um fundo de investment grade flexível, “descorrelacionado no tempo, tanto em termos de mercado de crédito como de taxas de juro”, foi lançado em 2015 para se “adaptar a um ambiente de mercado mais desafiador. A alocação do fundo vai desde a agressiva a defensiva, sendo que em linha com o supramencionado, perto de 40% está afeto ao setor bancário e 10% ao imobiliário.
De acordo com Boutaina Deixonne, esta é uma estratégia que assenta, sobretudo, em três drivers principais: o primeiro é a flexibilidade “para pôr em prática as nossas convicções dada a não existência de um benchmark”, afirma a profissional. O segundo é a alocação tática entre investment grade e high yield. Por último, a duração e o que a entidade chama de “gestão proativa” da mesma. Neste fundo, a duração pode ir de -2 a 6, algo que se verificou no último ano, por exemplo. “Na verdade, o jogo neste produto é ser extremamente ágil e ativo no nosso estilo de gestão”, conclui.