Nicolo Carpaneda (M&G Investments) defende as obrigações corporativas e a dívida emergente num contexto de taxas baixas

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A brutal reviravolta monetária que os bancos centrais sofreram nos últimos meses, com a Fed de Powell como protagonista, explica que cada vez seja mais a dívida em circulação com taxas de rentabilidade negativas - de facto, já existem países como a Dinamarca que têm toda a sua dívida a negativo independentemente do prazo. E é previsível que esta situação se mantenha no tempo, à medida que crescem os receios de que o mundo venha a enfrentar uma desaceleração económica generalizada e, sobretudo, face à sensação de que haverão novos Quantitative Easing no horizonte.

“Draghi afirmou estar disposto a conceder mais estímulos e vemos como muito provável que haja uma nova ronda de quantitative easing” , afirma Nicolo Carpaneda, diretor de obrigações da M&G Investments. De facto, afirma que o BCE tem ainda muitas ferramentas para expandir essa política acomodatícia que vai mais além de uma redução das taxas de juro. “Se o BCE aumentar o limite da dívida que pode comprar de 30 a 50% o universo elegível aumentaria até aos 350.000/500.000 milhões de euros, e outra opção são as obrigações corporativas já que no passado a compra das mesmas conseguiu reduzir os spreads em 25 pontos. Se se ampliar o QE, a rentabilidade das obrigações corporativas poderia passar dos 1% atuais, para uma média de 0,6%”, ao mesmo tempo que também não descarta a possibilidade de se incluir dívida de bancos no universo dessa dívida que o BCE pode comprar caso decida expandir o QE. 

Neste contexto de incerteza a respeito dos acontecimentos da economia, a opção da gestora inglesa para as suas carteiras tem sido a de comprar qualidade nos diferentes segmentos de ativos de investimento com o objetivo de ter cobertura, caso surjam novos problemas numa economia que, de momento, se mantém estável. No que diz respeito às obrigações, as suas grandes apostas passam por aumentar a presença da dívida corporativa com grau de investimento por causa do valor relativo que oferecem relativamente à dívida pública, ainda que mantenham uma parte das obrigações governamentais que usam como equivalente à liquidez, mas também na manutenção da dívida emergente, um mercado que afirma ser "ideal para investir e para adicionar risco nas carteiras sempre e quando o dólar não subir muito mais”. Quanto aos sectores estes revelam  preferência pela dívida bancária subordinada aos países da periferia além dos setores de utilities ou da tecnologia, evitando aqueles que dependem mais de pressões externas.