Seja nos ETFs smart beta, seja no âmbito dos robo-advisors. Em que moldes se está a construir esta dita “inteligência”? Deborah Fuhr, da ETFGI, dá alguns insights sobre o assunto.
Registe-se em FundsPeople, a comunidade de mais de 200.000 profissionais do mundo da gestão de ativos e património. Desfrute de todos os nossos serviços exclusivos: newsletter matinal, alertas com notícias de última hora, biblioteca de revistas, especiais e livros.
Para aceder a este conteúdo
Os ETFs smart beta são um dos produtos que tentam maximizar resultados de forma eficiente e barata. Em entrevista à Funds People, Deborah Fuhr, managing partner da ETFGI, é testemunha do crescimento dos ETFs smart beta, mas também da grande tentativa de encontrar fontes alternativas de alfa por parte dos clientes (Link artigo 1). Sabe também que este tipo de produtos não são, ainda assim, o santo graal da indústria, e também acarretam desafios, como é o facto de “existirem milhares de factores no quais se pode focar”. Especifica: “Pode-se considerar um factor o próprio nome da empresa, embora nesse caso não estejamos a falar de um factor sobre o qual existam estudos académicos que comprovem a sua performance. Eu, na realidade, estou convicta de que apenas existem cerca de cinco factores que foram estudados de forma académica, no âmbito dos ETFs smart beta”, introduz.
Crescimento dos ETFs smart beta multifactor
Para quem investe neste tipo de factores subjacentes aos ETFs smart beta - quality, momentum, minimum volatility, etc. – há uma pergunta que não raras vezes surge: “Quando e quanto devo eu comprar?”, explica a especialista. É nesse sentido que Deborah Fuhr diz estarem a assistir à procura pelos chamados ETFs multifactor, que, tal como o nome indica, proporcionam uma combinação de factores. “Já existem muitas entidades a tentar aplicar o conceito de ETF smart beta ao âmbito das obrigações, e até a outras classes de ativos”, destaca.
Outra das especificidades de mercado apontadas por Deborah Fuhr tem a ver com o facto de muitos provedores de índices “ainda não terem verdadeiros índices de obrigações”. Recorda o caso do Barclays, que sendo “o maior provedor de um índice de obrigações, vendeu o seu negócio à Bloomberg”. Nesse sentido, assegura que “todos os outros fornecedores de índices estão a tentar crescer nos índices de fixed income, ao mesmo tempo que piscam o olho ao smart beta”. Contudo, na perspetiva da profissional, “demora tempo para que os investidores percebam e se habituem a estes produtos”. Os fundos de pensões, por exemplo “foram dos primeiros a adoptar estas estratégias, essencialmente porque viram sentido em tê-las no portefólio”.
Numa indústria de ETFs global que atualmente vale 3.8 biliões de dólares, os ETFs smart beta ainda são um grão de areia no deserto, pois contam com apenas 560 mil milhões de dólares. Na perspetiva da managing partner, “os investidores continuarão a usar os “normais” ETFs com ponderação de mercado, principalmente aqueles que são os produtos de beta core, complementando esses com produtos smart beta”.
A profissional não esquece também aquela que é uma hegemonia geográfica, que marca estes produtos. “O que observamos é que olhando para a indústria, a maioria dos ativos em smart beta estão domiciliados nos Estados Unidos; se olharmos para o tipo de exposição, grande parte destes produtos providenciam também uma cobertura precisamente do mercado norte-americano”. Uma “sobreponderação” mais do que justificada, tendo em conta “a grande dimensão dos EUA como mercado”.
Robo-Advisors...
A busca por eficiência – e inteligência - vai dos produtos ao negócio, e não podíamos passar por isso ao lado da tão famosa e atual conversa que coloca à baila o termo “robo-advisors”. Na opinião da profissional, foram diretivas como a RDR que levaram a uma nova tomada de consciência por parte dos investidores. “Durante esse contexto alguns clientes aperceberam-se de quanto estavam a pagar, e começaram a dirigir-se a este tipo de plataformas mais automáticas”, especificou a profissional. Ainda assim, a profissional afasta a ideia de que este tipo de plataformas sejam apenas usadas por millennials. Explica que, por exemplo, em Itália, há uma plataforma cujos clientes têm uma idade média de 47 anos, “não se tratando claramente de millennials”. Como se justifica esta média de idades? A profissional acredita que muito provavelmente esta média de idades tem a ver com o facto “destas pessoas estarem cada vez mais próximas da idade da reforma e, por isso, sentem-se mais confortáveis em procurar soluções por si mesmas, sem parecerem ignorantes junto de outros. Só depois do trabalho de casa feito se dirigem a alguém”, conjetura.
Na ótica de Fuhr os robo-advisors vão continuar na senda do crescimento, e augura que os próprios provedores de ETFs vão mostrar um interesse crescente por estas plataformas. “Temos visto muitos dos provedores de ETFs interessados em ter o seu próprio robot, ou então, por outro lado, em ver os seus produtos disponíveis em robo-advisors”, remata.