Chart of the Week - A Evergrande e a economia chinesa

Emanuel Vieira
Emanuel Vieira, CFA. Créditos: Vítor Duarte

Chart of the Week é da autoria de Emanuel Vieira, CFA consultor de investimentos da Partners 2U.

O preço do minério de ferro, commodity muito associada à construção, cai mais de 25% só em setembro, depois de corrigir 25% em agosto, na sequência do arrefecimento no mercado imobiliário chinês que despoletou o afundamento no valor dos títulos da Evergrande (ações e obrigações).

A economia chinesa tem apresentado um crescimento anual decrescente desde 2009, mas acima dos 6%, com exceção do ano passado, em que devido à pandemia cresceu 2,31%.

O ritmo de crescimento da economia chinesa assentou, tal como nas economias mais desenvolvidas, num crescimento do crédito. Nos últimos 10 anos o endividamento global da economia chinesa duplicou de 150% para perto de 300%:

Na semana passada, o grupo Evergrande alertou para o risco de incumprir com as suas obrigações financeiras na sequência da queda das vendas de imóveis. A empresa tem ativos avaliados em balanço de aproximadamente 2,4 biliões de yuans (cerca de 370 mil milhões de dólares). O seu passivo ascende a um equivalente em dólares de aproximadamente 305 mil milhões de dólares.

Estes valores representam cerca de 2% do PIB da China em 2020 e representa cerca de 4% das vendas de imóveis na China.

Empresas subsidiárias já terão incumprido no reembolso de dívida e o grupo procura uma restruturação que evite a insolvência. Várias casas de investimento consideram que, apesar da sua dimensão, a Evergrande não parece implicar um risco sistémico em caso de falência, desde que se salvaguarde um transbordo desta crise para o setor bancário chinês. No entanto, os mercados de capitais a nível mundial ajustaram-se ao evento, com os bancos europeus a desvalorizarem mais de 4% na segunda-feira (medido pelo índice Stoxx Europe 600 Banks). Nos investidores reavivou-se a memória dos eventos dominó que levaram à falência da Lehman Brothers nos Estados Unidos.