Com os receios de crescimento a dominar a preocupação dos investidores e a atividade dos portos marítimos chineses ainda deprimida, Vânia Ribeiro, senior portfolio manager na BPI GA, considera que a divulgação dos PMI dos EUA e da Europa assumirão uma maior importância.
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Com os receios de crescimento a assumirem uma maior predominância nas preocupações dos investidores e a China em confinamento desde meados de março uma das importantes dúvidas que assombra os investidores é: afinal quando é que haverá fim à vista para a política de Covid Zero na China? Embora para já não existam evidências de que a China irá abandonar a sua política de gestão da pandemia, que pressupõe a inexistência de casos de infeção por COVID-19 a circular na comunidade, é positivo observar que se tem assistido à melhoria da situação pandémica em várias cidades e ao levantamento gradual das medidas de confinamento, daquele que é o pior surto na China desde o início da crise pandémica. Neste momento, as cidades com medidas restritivas de confinamento representam menos de 14% do PIB, das quais menos de 5% estão em confinamento total, substancialmente abaixo do pico observado em meados de abril em que as cidades abrangidas por medidas restritivas representavam cerca de 30% do PIB. Apesar dessa melhoria, enquanto a China mantiver a sua política de baixa tolerância, de um vírus que tenderá a evoluir para formas cada vez mais contagiosas e de difícil contenção, a existência de novos surtos e, consequentemente de novos choques da oferta, continuará a ameaçar não só o crescimento económico doméstico chinês, como também as expectativas de crescimento económico global.
A elevada dependência por importações chinesas quer dos Estados Unidos quer do bloco europeu, colocam estes países numa posição de maior vulnerabilidade perante os efeitos perversos que a existência de disrupções do lado da oferta oriundos na China pode ter nas cadeias de produção globais. Imediatamente a seguir ao Japão, os EUA são o país que apresenta a maior dependência por importações chinesas (18% das importações totais), seguindo-se o bloco europeu (10% das importações totais), representando ambas as regiões mais de um terço das exportações chinesas. Esta estreita relação explica porque historicamente existe uma elevada correlação entre os indicadores avançados de atividade económica da China e os dos Estados Unidos e do bloco europeu. Inclusivamente, como podemos ver no gráfico abaixo, a história demonstra-nos que a evolução do indicador de atividade económica (PMI) da China tende a ser um indicador avançado daquilo que irá acontecer a 3 meses de vista na Alemanha e no bloco europeu e a 6 meses de vista nos Estados-Unidos.
Fonte: Bloomberg
Neste contexto, em que os receios de crescimento dominam a preocupação dos investidores e em que a atividade dos principais portos marítimos chineses continua ainda em níveis deprimidos, a divulgação dos indicadores avançados de atividade económica dos EUA e do bloco europeu relativos ao mês de maio publicados na terça-feira pelo Markit assumirão uma maior importância. Para além de fornecerem pistas sobre como a procura doméstica se está a ressentir perante a deterioração das condições financeiras também permitirão avaliar, particularmente através do subindicador de tempos de entrega de encomendas, qual o impacto que as disrupções da oferta motivadas pela ronda de confinamentos na China está a ter nas cadeias de produção e distribuição globais.