Perder uma rentabilidade de 35%: é isso que custa estar fora do mercado na parte final do ciclo

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Jason & Michelle, Flickr, Creative Commons

A inquietação aumenta no mercado. A fragilidade dos últimos dados macroeconómicos publicados aponta para uma desaceleração da atividade que faz com que muitos investidores já estejam a antecipar o final do ciclo. O problema é que os ciclos terminam com uma recessão e esta pode demorar a chegar muito mais do que muitos participantes no mercado imaginam. E isso significa que, se o investidor desfizer posições antes do tempo, pode perder grandes rentabilidades.

No caso dos Estados Unidos, onde se considera que o ciclo está muito maduro, a história demonstra que as ações podem gerar rentabilidades positivas muito elevadas no período anterior a uma recessão. Se se analisar a média da rentabilidade do S&P 500 dos meses anteriores e posteriores a um pico de mercado desde 1960, verifica-se até que ponto é perigoso tirar risco às carteiras demasiado cedo. E os retornos gerados pelas ações podem conseguir ser muito "apetitosos". 

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“Os investidores perderam, em média, uma rentabilidade de mais de 35% por perderem os últimos dois anos do rally de mercado – e mais de 18% por perderam o último ano”, revelam da J.P. Morgan AM. Contudo, quando o mercado começa a descontar uma recessão, as ações ressentem-se. E aqui está o cerne da questão: em saber quando é a altura de dar um passo atrás e reduzir o risco nas carteiras. O que fazer? Como lidar com este problema?

“Dada a dificuldade de identificar exatamente o momento de máximos e mínimos do mercado, os investidores deverão considerar evitar sobreponderações significativas em ações na última parte do ciclo económico”, aconselham da empresa americana. De facto, na J.P. Morgan AM elaboraram um manual com sete conselhos para preparar as carteiras perante um final de ciclo. Outras gestoras, em contrapartida, recomendam algo muito mais simples: manter-se investido de forma permanente e tocar o menos possível nas carteiras. É o caso da Capital Group.

“O investidor tende a acreditar que depois de um bull market como o que registámos vem uma forte correção, mas nos últimos 18 anos apenas tivemos dois. O risco de assistir a outro 2008 é limitado. Talvez venham novas quedas que permitam comprar mais. Não é uma questão de tentar fazer market timing, mas sim de ser paciente e manter-se investido”, afirma David Polak, diretor de investimentos do Capital Group New Perspetive.

“Atualmente, muitos investidores questionam-se sobre a racionalidade de entrar em ações numa altura na qual os mercados estão em zona de máximos. Tenho quatro filhos que me fazem a mesma pergunta. Digo-lhes que existem dois riscos. O primeiro é comprar agora e que o mercado corrija. O segundo é pensar que dentro de dois anos irão repetir a pergunta porque o mercado continuou a subir”, conclui o especialista da Capital Group.