Thomas Moore (Invesco): “Estamos perante um cenário particularmente complicado para fazer previsões”

Thomas Moore. Invesco
Thomas Moore. Créditos: cedida (Invesco)

O Invesco Pan European High Income é um dos fundos multiativos mais populares no mercado ibérico. O produto, com Rating FundsPeople 2023, é um dos habitués no Top 5 de fundos multiativos na Península Ibérica. Gerido por Thomas Moore, o fundo está atualmente a apenas 5% dos seus máximos históricos de 2022, embora nessa altura oferecesse uma yield de menos de 3% e, agora, esteja em cerca de 7%. Tal como explica Moore à FundsPeople, a forma geral da carteira está estável.

Os diversos elementos de risco de crédito, como o high yield e a dívida subordinada do setor financeiro, constituem cerca de 60% da carteira, enquanto o crédito investment grade representa 13% e a liquidez 7%. A parte das ações aumentou mais de 18%, graças ao facto de a seleção de empresas da equipa liderada por Oliver Collin estar a ter um desempenho destacável. Neste ano, a parte de crédito (260 pontos base) e de ações (224 pontos base) são as que mais contribuíram para o resultado global positivo do fundo”, revela.

Últimas alterações feitas à carteira

Nos últimos meses, Moore não fez alterações significativas à carteira. “Moderou-se ligeiramente a ponderação de crédito (dívida subordinada do setor financeiro) e aumentou-se a parte da liquidez para aproveitar potenciais oportunidades que possam aparecer. Também se incrementou o peso das obrigações de investment grade e das ações, fundamentalmente esta última pelo seu bom desempenho relativo”, afirma.

Para o futuro, o gestor acredita que o high yield poderá ser muito interessante. “Este ano houve muito poucas emissões devido ao endurecimento das condições financeiras, mas com um volume importante de vencimentos em obrigações em 2025, pensamos que em 2024 poderá dar-se uma mudança significativa no volume de oferta”, prevê.

Visão macro…

O gestor assegura que estamos perante um cenário particularmente complicado para fazer previsões. “Após as fortes subidas de taxas, o consenso do mercado esperava uma recessão, e, agora, encontramo-nos numa nova fase em que falamos de estagflação, uma das piores situações económicas, visto que a economia não cresce (ou fá-lo de forma muito moderada, abaixo de 1%) e a inflação destrói o poder de compra dos cidadãos. Os bancos centrais fizeram o seu trabalho e os máximos do ciclo de taxas de juro devem estar muito próximos dos seus níveis atuais, o que está a reduzir forçosamente a oferta monetária e a moderar a inflação”.

Além disso, deu-se um crescimento notável da volatilidade das taxas, um fenómeno que, de acordo com as suas estimativas, não víamos desde a crise financeira, e que aparentemente veio para ficar durante algum tempo. “Este endurecimento das condições financeiras refletiu-se claramente na emissão da dívida de high yield em euros, segmento onde os níveis da nova dívida de 2022-2023 se situaram nos seus níveis mais baixos desde a crise financeira de há quase 15 anos”, explica.

… e de mercado

Quanto ao mercado, assistimos a uma inversão generalizada das curvas de taxas, com as de dois anos consistentemente em níveis mais altos do que as de 10 anos. Os investidores contam com uma descida do preço do dinheiro na zona euro de 0,25-0,50% num ano e de um ponto percentual em dois anos, fruto da desaceleração económica, o que provocou uma descida dos spreads das obrigações corporativas, tanto para o high yield como para o investment grade. Apesar desta descida, continuamos a acreditar que as yields das obrigações investment grade em euros são atrativas em relação ao risco assumido, visto que os spreads atuais (aproximadamente 150 pontos base) contam com um cenário de incumprimentos cinco vezes superior ao pior que alguma vez registámos”, conclui.