Joshua McCallum e Gianluca Moretti avisam que a lição de experiências anteriores é de que ir “atrelado” a regimes cambiais de outros países pode causar danos.
“Quando um país fixa a sua taxa de câmbio da moeda a outra é como se o país estivesse “amarrado” à política monetária desse outro país”, dizem Joshua McCallum e Gianluca Moretti, no último relatório Economist Insights da UBS Global AM. Para fixar a taxa de câmbio, dizem, é preciso que se adopte política monetária do país alvo. Se isso não acontecer, as diferenças nas taxas de juro podem encorajar os investidores de moeda estrangeira a mudarem o seu dinheiro para o país com a taxa mais alta.
Os dois economistas da UBS Global AM apresentam a metáfora de um skater que vai à boleia de um carro, para concluirem que “se o carro for na direção certa e não for a uma velocidade muito rápida as coisas correm bem”, mas se o “carro acelerar na altura errada, ir agarrado ao carro pode ser uma má ideia”.
Joshua McCallum e Gianluca Moretti relembram que no fim da Crise Asiática entre 1997 e 1998 muitos países emergentes decidiram “ir à boleia” dos Estados Unidos. Durante algum tempo este processo funcionou bastante bem para esses países. Na sequência do fim da crise, a política monetária nas economias mais avançadas tornou-se ultra-flexível e mudou-se do convencional para o não convencional. A vida tornou-se um pouco mais complicada para os países que estavam a fixar ou a gerir as suas taxas de juro.
EUA em marcha demasiado rápida para emergentes
“Com as taxas de juro americanas em níveis muito baixos, a procura interna abalada, o desemprego em níveis altos, e a Reserva Federal a emitir grandes quantidades sem precedentes de moeda, havia muita liquidez à procura de decentes yield fora das economias desenvolvidas”, dizem. Desta forma, os economistas de forma metafórica lembram que “o carro “EUA” estava a mover-se na direção correta para os países emergentes irem à sua boleia da melhor forma”.
Atualmente a situação não é essa. A economia americana está começar a fortalecer-se, e a Fed está a dar sinais de um recuo no Quantative easing (QE) e o cenário é distinto. “O carro americano está a acelerar e os mercados emergentes que vão “à boleia” estão a começar a sentir-se desconfortáveis”, dizem os dois economistas da UBS Global AM.
Os países que vão estar mais em risco são aqueles que têm défices na sua conta corrente, ou que viram esses défices deteriorarem-se rapidamente. “Isto é um aviso de que a sua moeda tem sido sobrevalorizada, e que eles podem vir a estar sob a pressão do mercado”, avisam