As gerações mais jovens marcam as tendências de banca privada dos dias de hoje

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No contexto da conferência que o Banque Degroof Petercam Luxembourg organizou recentemente no Porto, com o título “A importância do Governance para as Famílias e Empresas do Futuro”, Kris De Souter, responsável de Private Banking, e Pierre Le Pahun, analista de planeamento patrimonial na instituição financeira de origem belga e sediada no Luxemburgo, apontaram à FundsPeople as grandes tendências que observam no mundo da banca privada. 

E claro, o movimento perpétuo de transmissão do património das gerações mais antigas para as mais jovens é algo que preocupa e impacta o negócio. Falam particularmente da importância do tema, quando nos encontramos no início de uma das maiores transferências de património na história, a da geração baby boomers para a geração X e/ou geração millennial. “O principal impacto que este movimento traz consigo resulta do facto de as gerações mais jovens esperarem que o seu banco haja como um investidor sustentável e responsável. Mais, Vão ainda mais longe ao estabelecer, frequentemente, que a forma como investem e agem tem que ter um impacto. Que podem devolver ou contribuir para a economia real”, introduz Kris De Souter. 

Este movimento das gerações mais jovens no sentido da sustentabilidade, segundo o profissional, reflete-se também numa segunda grande tendência que observam no mercado: a grande procura por parte de high net worth individuals pelo investimento em private equity e outros ativos privados. “Se outras gerações já o faziam, num movimento de procura por melhores retornos em mercados menos líquidos, para as gerações mais jovens, e para os clientes empreendedores dos dias de hoje, esta é uma forma de colocarem o seu dinheiro a trabalhar para empresas de pequena e média dimensão. Uma forma de ajudarem estas empresas a tornarem-se melhores, para que evoluam no melhor sentido, ao mesmo tempo que procuram gerar um retorno interessante” diz. 

Eficiência fiscal

Outra das grandes tendências, como aponta agora Pierre Le Pahun não é propriamente uma novidade, mas tem vindo a  acelerar-se: a procura por soluções fiscalmente eficientes. Aqui, segundo diz, o caminho é inequívoco - quando faz sentido - optando-se pelo veículo seguro de vida. “Temos visto uma grande e crescente procura pelas suas características fiscais atrativas. Funciona muito bem para residentes habituais e não habituais. Confere uma proteção dos ativos por via da segregação entre a seguradora, o banco e o cliente. Pode envolver tanto ativos listados, como private equity e, por fim, é muito flexível em termos da portabilidade e transmissão, o que ajuda os clientes com uma vida repartida entre diversos países”, enumera. 

Pierre Le Pahun introduz também, assim, uma outra tendência, a diversificação geográfica dos ativos. “Há uma tendência geral para as famílias de elevado património diversificarem os seus ativos fora do país em que vivem. A guerra acelerou esta tendência, mas a pandemia já o tinha feito também”. 

E claro, uma vida multi-país traz consigo desafios adicionais noutro tema que cada vez mais preocupa os clientes de private banking: o governance familiar. “Hoje em dia é cada vez mais relevante a forma como se garante continuidade da gestão das empresas e do património por parte das novas gerações. A isso se chama governance familiar”, introduz. “Cada caso é um caso, mas as famílias têm que encontrar uma forma de transitar pacificamente o patrimonio  de uma geração para a seguinte”, complementa. 

É por isso que, segundo diz Kris De Souter, há cada vez mais clientes a procurar soluções de governance. “Como organizar os ativos da família, como estabelecer um conselho familiar, como é que, nas diferentes gerações, se acorda um conjunto de valores, tanto no campo privado e familiar, como no campo corporativo”, diz.