O Conselho Nacional de Supervisores realizou mais um Inquérito à Literacia Financeira da População Portuguesa. Conhecimentos financeiros melhoraram, mas ainda há lacunas. Hábitos de poupança também estiveram em foco.
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O Conselho Nacional de Supervisores Financeiros (CNSF) divulgou recentemente os resultados do 4.º Inquérito à Literacia Financeira da População Portuguesa. Segundo este inquérito, na comparação internacional de 2023, Portugal ficou no 13º lugar no indicador global de literacia financeira, entre os 39 países participantes.
Já o indicador global de literacia financeira médio em 2023, de 62,7 pontos, é muito semelhante ao de 2020, mesmo com a melhoria no indicador de conhecimentos financeiros, “ainda que persistam importantes lacunas em questões relacionadas com o cálculo de juros simples e juros compostos, a diversificação de risco e o poder de compra”, relatam.
A sustentabilidade também é uma área em que os entrevistados revelam pouco conhecimento. De acordo com os dados presentes no inquérito, a maioria afirma não saber o suficiente sobre investimentos sustentáveis. Já a maioria dos entrevistados reconhece o impacto da inflação no custo de vida (90,1%) e a relação entre retorno e risco de investimento (73,2%). Menos de metade dos entrevistados (46%) compreende a relação entre risco de investimento e diversificação da carteira de ações.
Depósito à ordem: aplicação favorita de poupança
O inquérito também olhou para os hábitos de poupança dos portugueses. Segundo o mesmo, cerca de 54% dos entrevistados afirma ter poupado no último ano. Destes, 84% indica ter deixado o seu dinheiro na conta de depósito à ordem. Esta percentagem representa um aumento relativamente a 2020 (58,5%) e a 2015 (60,8%).
Cerca de um terço (33,9%) dos entrevistados afirma que aplicou o dinheiro num depósito a prazo e 5,2% investiu em ações, obrigações ou fundos de investimento. Esta última percentagem é mais baixa do que em 2020 (9,4%), mas superior à de 2015 (3,9%). Os criptoativos surgem também como tema, com alguns entrevistados (1,6%) a referirem ter investido dinheiro nesses ativos.
Por sua vez, a aversão ao risco também aumentou. Apenas 9,8% dos entrevistados afirma estar preparado para colocar parte do seu dinheiro em investimentos num produto financeiro.
Produtos financeiros
Olhando agora para os produtos financeiros, a proporção de entrevistados (96%) que é titular de uma conta de depósitos à ordem é a mais elevada desde 2010 (90,9% em 2020, 92,5% em 2015 e 88,9% em 2010), “verificando-se assim um aumento da inclusão no sistema bancário”, afirmam.
A detenção de planos de poupança reforma (16,7% em 2023), de outros créditos como o pessoal e o automóvel (15,8%) e de certificados de aforro (14,2%) também é a mais elevada desde 2010. Em contrapartida, em 2023 verifica-se a mais baixa detenção de crédito à habitação e hipotecário (14,1%), de facilidades de descoberto (4%) e de ações (1,5%).
Quanto ao número de produtos que possuem, a proporção de entrevistados que, em 2023, não tem nenhum produto financeiro (3,4%) é a mais baixa desde 2010. Cerca de 22% dos entrevistados em 2023 têm apenas um produto, 35,6% têm dois ou três produtos e 13,6% têm mais de cinco produtos financeiros.