A Stag Fund Management nasceu em plena pandemia, e tem atualmente sete fundos de capital de risco. A sustentabilidade é o grande foco que move os projetos onde investem.
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Portugal pode estar a tornar-se a próxima cidade de São Francisco. Pelo menos é isso que acredita a equipa da Stag Fund Management, uma gestora de venture capital nacional criada em plena época de COVID-19, que se enfoca maioritariamente no nosso país para desenvolver os seus projetos.
“Temos visto cada vez mais famílias a chegar a Portugal, e a nossa ideia é captar investimento desses high net worth individuals, bem como olhar para novas ideias de investimento no país”, introduziu Sean Dowden, presidente da entidade. Parte integrante de um grupo internacional - a Dixcart Group que se dedica ao aconselhamento privado a negócios e famílias - a Stag Fund Management tem um foco muito específico: o ESG combinado com o venture capital.
Em menos de um ano, a entidade já fez um levantamento de capital que ronda os 150 milhões de euros, com mais 50% desse capital já aplicado. Estes números, comenta Sean Dowden à FundsPeople, fazem posicionar-se já noutro nível. “Estamos agora numa categoria diferente; somos notados e os investidores vêm ter connosco com novas ideias para investir”, salienta. “A maioria do nosso investimento será investido em projetos em Portugal, mas há outras geografias que também estão a merecer a nossa atenção”, acrescentou ainda.
Preocupação com medir a sustentabilidade
Neste período de existência, lançaram já sete fundos de venture capital, todos eles em atividade atualmente. Como explica António Pereira, vice-presidente, a inclinação ESG da casa é grande. “Temos fundos que estão investidos em produtos sustentáveis, como é o caso do nosso fundo que se dedica a terrenos agrícolas. As preocupações com a sustentabilidade são uma das nossas guidelines no investimento que fazemos”, frisou.
Neste fundo em específico, o Pela Terra Farmland FCR, a obrigatoriedade de todos os projetos serem ESG é real. Diogo Saraiva da Ponte, diretor de Investimentos, explica que “este fundo pretende ter novos targets dentro desta temática dos terrenos agrícolas”, não estando apenas focado na tradicional temática da captura e armazenamento de carbono.
A medição do impacto das decisões que tomam em termos de sustentabilidade é uma das grandes preocupações da equipa. Neste momento, o responsável explica que estão a analisar diferentes formas de reportar o impacto ESG. Têm, por exemplo, “um software de uma empresa irlandesa que resulta de uma parceria com a empresa IBM, de forma a reportar o que tem sido feito em termos de targets”. Por outro lado, ao nível da captação, fala de “várias startups” a que recorrem para fazer o trabalho de medição. “Estamos a trazer para cá expertise internacional a esse nível, nomeadamente vindo do Reino Unido na área da agricultura, de forma a tentarmos trazer novas ideias sobre como gerir e reportar aos nossos stakeholders a sustentabilidade em Portugal”, atesta.
Em termos mais concretos, dão um exemplo do que pode ser feito no terreno (literalmente). “Vamos assumir que estamos perante um terreno seco, pelo qual pouco conseguimos fazer. Existem duas opções: gastar milhares de litros de água para irrigar esse terreno (opção pouco sustentável), ou então pensar noutro uso para esse terreno, não usando as típicas plantas, mas sim alternativas em termos de culturas que não usem tanta água ou até nenhuma”, exemplificou António Pereira.
Fundos internacionais interessados
No prato da balança há duas métricas a pesar. “Tentamos que o retorno sustentável acompanhe o retorno financeiro. Desse modo, sabemos quais os KPI que temos de definir, e que ferramentas usar para os medir”, atestou Diogo Saraiva da Ponte. Em média, acabam por ter um holding period que ronda os seis/sete anos, pois estão cientes de quando é altura certa de vender. “O nosso objetivo é desenvolver, criar valor e introduzir esta componente da sustentabilidade, mas não ficar os 25 anos que a plantação requer para se desenvolver. Depois desse período queremos vender. Tentamos ter os projetos num nível em que possam ser comprados por fundos internacionais. E vemos vários fundos que já olham para Portugal com interesse”, resume o responsável de investimentos.
Os desafios nesta área parecem ser muito semelhantes aos dos gestores de ativos mais líquidos. Diogo Saraiva da Ponte fala, por exemplo, das dificuldades em “encontrar boas oportunidades que acrescentem valor em termos de sustentabilidade e que não sejam greenwashing”.