Dot Plot: o que é e para que serve o gráfico de pontos da Fed

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Créditos: Towfiqu barbhuiya (Unsplash)

A guerra da Rússia contra a Ucrânia e o choque de fornecimento de muitos bens e serviços aumentaram a inflação para níveis tão altos que fizeram acelerar os planos dos bancos centrais para começar a desenrolar a política monetária expansionista que começou há mais de dez anos com a Grande Crise Financeira.

O mercado sabe disto e, como é habitual, quer encontrar uma forma de antecipar estes movimentos a médio e longo prazo. Daí que a comunicação dos bancos centrais, e também a forma como comunicam, se tenha tornado nos últimos anos ainda mais importante do que as próprias decisões de política monetária. O mesmo se aplica aos relatórios de projeção que publicam os organismos, um dos mais vigiados é conhecido como dot plot da Fed (gráfico de pontos), que hoje analisamos nesta entrada do Glossário da FundsPeople.

O que é o dot plot?

Trata-se de um gráfico de pontos que se publica trimestralmente e que o banco central dos EUA utiliza para assinalar as opiniões dos diferentes membros que integram a Fed sobre as perspetivas para a trajetória das taxas de juro no país.

Quando foi inventado?

O gráfico de pontos foi inventado no final de 2011, com Ben Bernanke como presidente da Fed, como forma de comunicar de alguma forma ao público e especialmente aos mercados, sobre possíveis mudanças na política monetária e nos planos de estímulos que tinham sido postos em cima da mesa após a crise financeira.

Quem participa?

Tem 12 membros com direito de voto e, em caso de empate, prevalece a opinião do seu presidente.

Embora apenas 12 membros façam parte do FOMC de cada vez, o gráfico de pontos inclui as opiniões (pontos no gráfico) de cada um dos presidentes dos bancos da Fed, num total de até 19 pontos.

Como se interpreta?

Cada um dos pontos do gráfico são pontos que representam cada indivíduo do comité e a sua opinião sobre qual será o ritmo futuro das subidas e descidas das taxas de juro. No entanto, estas são opiniões cegas, uma vez que é impossível saber a que membro da comissão pertence cada um dos pontos.

É de notar que a mediana de todos os pontos representa a taxa esperada para cada um dos próximos três anos, e também para o longo prazo, mas o mercado é mais sensível às previsões a curto prazo. Ainda mais numa altura em que estes variam quase ao ritmo da evolução da pandemia.

Que leitura fazemos do último dot plot de junho de 2022?

A última reunião da Fed não só resultou na maior subida de taxas desde 1994, como também deu a entender que esta política agressiva irá durar no curto prazo, a menos que se verifique uma normalização significativa das taxas de inflação. E, esta perspetiva de novos aumentos de taxas em 2022 e também em 2023, pode ser vista no dot plot publicado pela Reserva Federal.

"Uma reunião histórica do FOMC resulta numa subida de 75 pontos base e num gráfico de pontos revisto. Este sugere o endurecimento agressivo da política monetária durante as próximas reuniões", explica Allison Boxer, economista norte-americana da PIMCO.

"Com base no gráfico e nas nossas expectativas, as subidas de taxas de juro continuarão na segunda metade deste ano. Está prevista uma subida de 75 pontos base em julho, uma subida de 50 pontos base em setembro e aumentos menores nas duas últimas reuniões deste ano", explica Sandrine Perret, economista sénior da Vontobel Asset Management. Quanto a 2023 e 2024, a empresa espera aumentos adicionais de apenas 40 pontos base em 2023 "e depois taxas marginalmente mais baixas em 2024 (ver projeções abaixo)".

Fonte: Vontobel