Michael Schoenhaut (J.P. Morgan AM): neutros nas ações face ao rendimento fixo e construtivos em obrigações core

Michael Schoenhaut
Michael Schoenhaut. Créditos: FundsPeople

Falar do JPM Global Income, que este ano conta com Rating FundsPeople, é fazer dele um dos fundos mistos mais populares no mercado ibérico. Falar do JPM Global Income Conservative é referir-se a um derivado desta estratégia que se conectou com as necessidades dos investidores da Península Ibérica, como evidencia o facto de que, tal como a sua originária, esta estratégia conseguiu posicionar-se entre os cinco fundos multiativos com mais volume de ativos na Península Ibérica, de acordo com o barómetro que a revista FundsPeople publica todos os meses.

Ambos os fundos são geridos por Michael Schoenhaut, Eric Bernbaum e Gary Herbert. Quem atendeu a chamada da FundsPeople foi Schoenhaut, para explicar a sua visão de mercado e o posicionamento atual que mantém em ambas as estratégias. A primeira coisa que nos conta a é que o sentimento do mercado continua cauteloso, já que os riscos de recessão continuam elevados e nem todas as partes do mercado parecem ter os preços adequados para tal cenário.

Visão de mercado

“Em particular, setembro continuou a ser um mês desafiante para os investidores, e os mercados experienciaram uma maior volatilidade, com as yields a alcançarem novos máximos no ciclo e os preços da política do banco central a manterem-se altos durante mais tempo. Continuamos a esperar que o processo desinflacionista se mantenha e que o crescimento arrefeça, mas não de forma iminente nem de forma a provocar uma aterragem forçada”, afirma.

O cenário base da equipa continua a ser o de um crescimento mais lento e de uma inflação mais baixa, mas não de todo perto do objetivo, o que leva a equipa a manter-se neutra nas ações face ao rendimento fixo e ligeiramente mais construtivos quanto às obrigações core. Face ao futuro, há várias razões que pesam para que os clientes procurem rendimentos multiativos.

“Primeiro, as valorizações das ações com altos dividendos são atrativas. Em segundo lugar, a rentabilidade do fundo Global Income está no seu nível mais alto em dez anos, o que, historicamente, indica sólidos retornos futuros. Terceiro: as obrigações recuperaram o seu papel nas carteiras, proporcionando cupão e diversificação. E, em quarto lugar, o facto de que uma carteira multiativa diversificada, centrada em oferecer rendimentos atrativos e consistentes, pode proporcionar yields atrativas e rentabilidade superiores à liquidez e à inflação a médio prazo”, enumera.

Posicionamento atual dos fundos

Concretamente, o fundo Global Income tem atualmente uma posição de 41% em ações, 48% em obrigações, 8% em híbridos e 3% em liquidez. O Global Income Conservative tem atualmente uma posição de 19% em ações, 66% em obrigações, 14% em híbridos e 1% em liquidez.

Em termos gerais, mantiveram a sua alocação em ações ao longo do mês, mantendo uma postura relativamente cautelosa. “Ainda que não prevejamos uma recessão iminente, consideramos otimistas as expetativas atuais de lucros. A nível regional, mantemos uma preferência marginal pelos EUA, dada a dinâmica de receitas e crescimento na região à medida que nos aproximamos do final do ano”, revela.

Contribuição das ações

A parte de ações da carteira prejudicou a rentabilidade geral em setembro. No entanto, a abordagem na distribuição de rendimentos foi favorável, já que as ações com altos dividendos mantiveram-se melhor durante a recente onda de vendas.

“O que se destacou foram as ações europeias, que trouxeram uma pequena contribuição positiva. A nossa alocação a ações de mercados emergentes diminuiu durante o mês, já que as renovadas preocupações sobre o estado do setor imobiliário na China afetaram a confiança, apesar de uma série de novas medidas de estímulo terem sido anunciadas durante o trimestre, que tinham como objetivo estabilizar a atividade imobiliária. Ainda que a rentabilidade das ações tenha sido, em geral, negativa, os nossos gestores obtiveram bons resultados em relação aos seus respetivos mercados”, afirma.

Contribuição das obrigações

A parte de obrigações das carteiras diminuiu durante o mês passado, impulsionada principalmente pelas suas posições de duração nos EUA, à medida que as taxas subiam durante o mês. “Mas, com mais evidência de uma moderação do crescimento, estão a fortalecer-se argumentos a favor de menores yields e uma menor volatilidade das taxas”, sublinha.
Quanto ao crédito, a sua alocação ao high yield americano também foi negativa durante o mês, ainda que outras alocações de crédito, como o high yield europeu, o investment grade e os títulos titularizados, se tenham mantido, gerando retornos estáveis. “No caso concreto do Global Conservative, continuamos a manter crédito investment grade de maior qualidade. Perante os riscos de uma iminente recessão e a probabilidade de que a volatilidade das taxas diminua à medida que se detenha o ciclo de subidas, encontramos valor nas obrigações corporativas. A nossa preferência é a qualidade superior, mas vemos oportunidades em todo o espetro de crédito”, finaliza.