A Morningstar criou um parâmetro que permite saber o que teria acontecido se os investidores não tivessem mexido nas suas carteiras nos últimos cinco anos, o que permite isolar as alterações realizadas durante o período analisado ao comparar a rentabilidade dos investidores típicos com a carteira “Do Nothing”.
Os investidores compram bons fundos. Os fluxos demonstram que, ano após ano, o dinheiro entra nos produtos com 4 e 5 estrelas Morningstar e sai dos fundos com rating inferior, o que coloca em evidência uma exigência cada vez maior dos investidores que procuram estratégias de qualidade. O problema é que são mal utilizados. São comprados e vendidos em momentos inoportunos. Regra geral, os investidores investem quando os produtos subiram e desinvestem quando caem, o que faz com que, no final, exista um gap entre a rentabilidade gerada pelos gestores com as suas estratégias e a rentabilidade total que o investidor leva. Este é um fenómeno que ocorre em todo o mundo, com um nível maior ou menor de intensidade.
Tentar criar market timing comprando e vendendo é um erro. Se se confia no fundo comprado, o melhor a fazer é não alterar de forma excessiva a carteira de forma a gerar uma rentabilidade superior a longo prazo. A carteira de controlo da Morningstar – Do Nothing Portfolio – utiliza as rentabilidades totais dos fundos, ponderadas por ativos, no início do período. Resumidamente, este parâmetro indica o que teria acontecido caso os investidores não tivessem alterado as suas carteiras nos últimos cinco anos, o que permite isolar as alterações realizadas durante o período analisado, ao comparar a rentabilidade dos investidores típicos (medida enquanto as rentabilidades obtidas pelos investidores ponderadas por ativos, usando a média desse período) com a carteira Do Noting.
Esta medida revelou um comportamento heterogéneo a nível mundial, mas registou um desempenho surpreendentemente bom nos Estados Unidos, onde a carteira ponderada por ativos que compunha a carteira no início do período em análise obteve rentabilidades superiores tanto às obtidas pelos investidores como à simples média das rentabilidades registadas por cada classe de ativo. Por exemplo, o investidor típico em fundos diversificados de ações teria obtido uma rentabilidade de 5,31%, mais 5,15% do que a rentabilidade média dos fundos e mais 4,36% da rentabilidade média dos investidores. No caso dos fundos de obrigações norte-americanos, a carteira de controlo registou uma rentabilidade de 4,30%, batendo os 2,99% de rentabilidade média dos investidores e os 3,72% de rentabilidade média dos fundos.
No caso dos fundos multiativos, as rentabilidades da carteira “não faça nada” e a dos investidores foram quase idênticas e ambas superaram a rentabilidade média dos fundos. O motivo prende-se com o facto de os fundos com maturidade definida serem um dos segmentos de fundos multiativos em maior crescimento. Todos estes dados estão refletidos no relatório Mind the Gap 2017 da Morningstar e pode consultá-los através deste link.