O diretor de Gestão de Ativos do Banco Carregosa comenta a mais recente emissão de dívida de curto prazo nacional e justifica o porquê das taxas negativas.
O Estado português efetuou hoje dois leilões de dívida de curto prazo que “correram bem”, como qualifica Filipe Silva, diretor de Gestão de Ativos no Banco Carregosa. De facto, o Estado colocou esta quarta-feira um total de 1.904 milhões de euros em bilhetes do tesouro com maturidades a 6 e 12 meses, com yields mais reduzidas que as últimas emissões comparáveis, inclusive em território negativo no prazo mais curto.
Foram, portanto, colocados 544 milhões de euros a 6 meses com uma taxa de -0,003% e uma procura que superou a oferta em 85%. Esta taxa compara com os 0,021% conseguidos na emissão com prazo equivalente efetuada em maio do presente ano.
Já a 12 meses, a taxa atingiu os 0,038%, abaixo dos 0,043% do último leilão equivalente. Foram colocados 1.360 milhões de euros, com a procura a atingir 1,7 vezes a oferta.
“Não sendo a primeira vez que Portugal emite dívida de curto prazo a taxas negativas – até já as emitiu mais negativas - é o sinal de que este ambiente de baixas taxas de juro, com os países mais prósperos com taxas negativas, faz da a dívida portuguesa uma alternativa menos negativa para os investidores”, refere Filipe Silva.
O profissional é peremptório no racional por detrás das taxas negativas: “Por um lado, não há alternativas melhores, por outro julgam poder ganhar algum rendimento na subida de preço, que compense o cupão negativo”.