Chart of the Week - A relação entre a China e o ocidente mudou

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Paulo Pacheco, CFA. Créditos: Vítor Duarte

O Chart of the Week é da autoria de Paulo Pacheco, CFA do Banco Português de Gestão.

O gráfico que vos apresento é revelador de como a China tem vindo a perder capacidade de atração de investimento direto estrangeiro. Este facto deve-se à alteração de atitude por parte dos EUA, iniciada por Trump e prosseguida por Biden, em relação à China. A China é vista pelos EUA, ainda que não verbalizada no seu discurso, como uma superpotência, capaz de colocar em causa a liderança americana nos diferentes domínios. Adicionalmente, e devido ao longo período de encerramento das fronteiras levado a cabo pelas autoridades chinesas durante a pandemia, parece que a confiança interna e externa dos agentes económicos na capacidade chinesa para recolocar a economia chinesa no bom caminho foi fortemente abalada. A reativação da economia chinesa tem sido feita de forma lenta, e os problemas estruturais, no imobiliário e endividamento das famílias, permanecem sem solução imediata. Já esta semana foi anunciado que o governo chinês pondera um novo pacote de medidas, no valor de 278 mil milhões de dólares de fundos públicos, para suportar o mercado acionista chinês em substituição do investimento estrangeiro. 

A Europa, por sua vez, sem uma estratégia definida em relação à China, umas vezes alinha com os EUA, como, por exemplo, no caso da Huawei ou da produção de semicondutores. Noutras, percebe que precisa de boas relações com Pequim para escoar os produtos produzidos na Europa. Contudo, é claro que o investimento europeu na China abrandou fortemente, bem como a disponibilidade da Europa para receber investimento chinês em setores estratégicos.

Em suma, a relação entre a China e o ocidente alterou-se, definitivamente. Os investimentos cá e lá serão muito reduzidos e em setores que não coloquem em causa a soberania dos estados, o controlo de tecnologia e conhecimento científico.

Fonte: Visual Capitalist.