A Orey Financial também já apresentou o Outlook para este ano. Mas para perceber o que pode acontecer em 2017, é essencial perceber o que se passou no ano passado. José Lagarto, gestor de ativos na Orey Financial, destacou alguns pontos que podem servir de guidelines para o que aí vem. O ano de 2016 foi caracterizado por: uma maior intensificação “da divergência da política monetária nos diferentes blocos económicos”, tendo dado como exemplo a “normalização da política monetária nos EUA”, “a política monetária ultra-expansionista na Zona Euro e no Japão” e ainda os receios em torno de um “abrandamento violento nos países emergentes”.
Além disso, José Lagarto destacou, ainda, alguns “eventos disruptivos e riscos de origem política e anti-establishment” como foi o caso do Brexit, da eleição de Donald Trump e ainda o aumento da “imigração (refugiados) na Europa” que levou a um crescimento “de poder de partidos nacionalistas e anti Europa”.
Estes factos aconteceram em 2016, mas para o gestor de ativos da Orey Financial é essencial continuar a acompanhar estes temas, tendo ainda alguma atenção ao Congresso do Partido Comunista chinês que vai ocorrer este ano e que pode trazer algumas novidades a nível fiscal e/ou orçamental.
O fim da idade do gelo
“Com o fim da idade do gelo das taxas de juro em 2017, num cenário onde a incerteza permanece como denominador comum, com taxas de crescimento económico modestas, expectativas de uma política orçamental neutral na Europa, uma política fiscal expansiva e normalização da política monetária nos EUA, um portefólio diversificado poderá permitir reduzir os níveis de risco e oferecer retorno”, referiu Marisa Cabrita, gestora de ativos na Orey Financial.
A profissional destacou, para o mercado norte-americano, que o cenário central é “que Donald Trump vai ser bem sucedido”. “As políticas que anunciou na sua campanha eleitoral, nomeadamente expansão orçamental e alívio fiscal, podem levar a um aumento do crescimento económico e paralelamente criar algumas pressões inflacionistas”, referiu. Para combater essas pressões, Marisa Cabrita acredita que a FED “pode subir a taxas de juro mais do que as três vezes antecipadas pela Fed este ano”.
Em termos de classe de ativos, a profissional afasta-se das obrigações governamentais e acredita que as “obrigações empresariais high yield vão ser mais resilientes, via manutenção do risco de crédito”. Estão positivos nas ações, nomeadamente em relação “aos sectores que vão estar mais expostos às políticas de Trump”. Também acredita que o dólar pode valorizar no decorrer de 2017.
No entanto, este cenário pode não se realizar, sobretudo devido a um “fraco desempenho de Trump ou ainda devido ao protecionismo”.
Europa com crescimento moderado e alguns riscos
Para o Velho Continente, o cenário central da entidade é de que persista “a manutenção da política monetária expansionista” por parte do Banco Central Europeu. Marisa Cabrita aponta “para o aumento do crescimento económico e da inflação” e não descarta a existência de alguns “pontos de volatilidade que podem existir devidos aos eventos eleitorais que vão ocorrer na Europa ao longo de 2017”.
Tal como no mercado norte-americano, estão positivos nas ações e afastam-se das obrigações governamentais e empresariais core. Na batalha cambial, acreditam que o Euro se desvalorize ao longo de 2017. Já nas obrigações governamentais e empresariais high yield estão bastante positivos, antevendo um 2017 a correr da melhor forma.