Rick Rieder (BlackRock): “O mundo do investimento mudou: é um contexto que requer que se seja ativo, ágil e tático”

Rick Rieder. BlackRock
Rick Rieder. Créditos: cedida (BlackRock)

O BGF Global Allocation é, dado o seu elevado volume de ativos geridos, um dos fundos mistos de referência no mercado ibérico. Este fundo da BlackRock, que este ano conta com Rating FundsPeople e mais de 30 anos de track record, é uma estratégia sem restrições, dirigida por Rick Rieder, diretor de Investimentos de Obrigações na BlackRock e responsável de Investimentos do Global Allocation, e também por David Clayton e Russ Koesterich. O seu objetivo é proporcionar uma rentabilidade competitiva com as ações mundiais, mas com um nível significativamente menor de volatilidade durante um ciclo de mercado completo.

Visão de mercado

Os últimos anos foram um período extraordinário para gerir o capital dos clientes, uma vez que assistimos ao final de um mercado ascendente de 11 anos em ações a dar lugar a uma pandemia e a uma crise sanitária no início de 2020, seguidas da recuperação e do contexto inflacionista a que assistimos em 2021 e 2022, e uma rápida mudança através de seis regimes de mercado distintos em 2023. Isto deu lugar a um mercado bastante mutável, no qual rapidamente se impuseram distintas narrativas que conduziram a resultados diferentes e a uma maior volatilidade, tanto nos mercados de ações como nos de obrigações”, explica Rieder.

Na opinião do diretor de Investimentos de Obrigações Globais na BlackRock e responsável de Investimento do Global Allocation, “O mundo do investimento mudou. O rumo que toma e a forma como geramos rentabilidade nestas condições estão a evoluir perante os nossos olhos. Este contexto requer uma abordagem ativa do investimento, com a capacidade de ser ágil e tático, juntamente com uma equipa de gestão que tenha a experiência e infraestrutura necessárias para poder gerir as exposições de forma holística”, sublinha.

No que diz respeito à sua visão atual de mercado, consideram que o aumento do emprego e as pressões salariais vão continuar a abrandar e, combinados, serão dados suficientes para que a Reserva Federal dos EUA ponha fim à sua campanha de subidas. Assim, acreditam que a autoridade monetária americana não vai considerar reduzir as taxas até que se observem descidas duradouras da inflação e que, provavelmente, irá mantê-las mais altas durante mais tempo, para garantir que o crescimento económico continue moderado.

Posicionamento atual

Nas ações, apostam numa exposição neutra em relação ao seu índice de referência, aproveitando as oportunidades que a debilidade do mercado oferece para reforçar as áreas de convicção. “Inclinamo-nos para os riscos idiossincráticos, nomeadamente no crescimento estável e na qualidade, nas nossas principais participações, e sobretudo em empresas que acreditamos terem mais probabilidades de gerar fluxos de caixa constantes durante um período de desaceleração do crescimento económico e que estejam alinhadas com as tendências estruturais a longo prazo”.

Quanto às obrigações, reduziram a sua subponderação em termos de risco de duração, em relação ao índice, centrando-se na parte curta e intermédia da curva de yields americanas. “Mantemos a cautela na parte longa, com a possibilidade de as taxas subirem devido à elevada oferta e a uma mudança da função da procura. A maior parte da nossa exposição às obrigações mantém-se num cabaz diversificado em crédito corporativo, ativos titularizados e dívida soberana de mercados emergentes, como forma de acrescentar carry à carteira”, revela.

Últimas alterações feitas à carteira

A alocação atual da carteira do fundo difere notavelmente da posição que tinham há 12 meses e no final de 2021, o que, segundo Rieder, reflete as decisões de gestão ativa que a equipa toma no dia a dia. Essas alterações afetam tanto as suas posições em ações como em obrigações.Nas ações, procuram oportunidades idiossincráticas em nomes de alta convicção, ao mesmo tempo que encontram ideias selecionadas no mercado de opções para criar convexidade na carteira. Nas obrigações, ainda que a equipa tenha passado os últimos anos a subponderá-las, em geral, e à duração em particular, começaram recentemente a ampliar o seu posicionamento mediante a exposição à parte da curva de 3 a 5 anos. “Quando a Fed começar a deixar de endurecer a sua política monetária, é esta a parte da curva que vai beneficiar à medida que inclina”, prevê.