Thomas Sørensen e Henning Padberg (Nordea AM): “O conflito na Ucrânia, a inflação e o aumento das taxas não alteram as nossas perspetivas positivas”

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Henning Padberg E Thomas Sorensen. Créditos: Cedida (Nordea AM)

Embora Thomas Sørensen e Henning Padberg reconheçam que o panorama atual a curto prazo representa um desafio, os gestores do Nordea 1 Global Climate & Environment consideram que os investimentos climáticos e ambientais estão bem posicionados para serem beneficiados a longo prazo. “Embora a guerra na Ucrânia, o aumento da inflação e o aumento das taxas de juro estejam a ter um impacto generalizado no nosso dia a dia, não acreditamos que isto altere as perspetivas positivas”, afirmam à FundsPeople os responsáveis deste produto com Rating FundsPeople 2022.

Tendo em conta o complexo panorama a curto prazo, que levou à volatilidade e a rotações de setores e estilos, os gestores focaram-se na implementação de uma abordagem disciplinada de construção de carteiras na área das soluções climáticas. Neste sentido, as alterações na carteira no final do ano passado e no início deste, nos quais foram produzidos um retorno-risco melhor em alguns dos setores mais defensivos, ajudaram no comportamento da carteira desde o início do ano.

“A alocação de ativos/setores foi um desafio para a carteira na primeira metade do ano, dada a subponderação do fundo em setores defensivos clássicos, como a saúde e bens de consumo, que obtiveram melhores resultados, e no setor da energia, que beneficiou do aumento dos preços”, explicam

No entanto, a sua seleção ativa ajudou o fundo a superar os retornos dos mercados de ações durante o terceiro trimestre. “Os retornos provêm principalmente dos setores industrial e das tecnologias da informação. Do ponto de vista dos fatores, os valores de baixo risco, baixa alavancagem e baixo beta foram favorecidos durante maior parte do tempo no terceiro trimestre, proporcionando também um balão de oxigénio aos setores mais defensivos da carteira e à carteira em geral”, reconhecem.

Posicionamento atual e casos concretos

Entre as suas principais apostas têm, fundamentalmente, empresas ativas nos setores industrial e de materiais. “As empresas norte-americanas de recolha e reciclagem de resíduos Republic Service e Waste Management encaixam bem na nossa estratégia de Clima e Ambiente, uma vez que a gestão de resíduos é um dos problemas mais críticos que a sociedade atual enfrenta. O nosso estilo de vida de consumo gera enormes quantidades de resíduos e como os gerimos determina a nossa saúde e o impacto que temos no clima”, sublinham.

Também acreditam que empresas como a Air Liquide e a Linde (materiais) fazem sentido na sua carteira, considerando que o setor industrial tem um dos maiores potenciais de redução de emissões até 2030.

“A Linde, por exemplo, contribui para uma produção industrial eficiente do ponto de vista energético e para uma água potável mais limpa, bem como para uma melhor saúde humana (oxigénio para a assistência médica) e segurança (através da qualidade do ar). A Fortis, no setor dos serviços púbicos, é líder diversificado na indústria norte-americana de serviços regulados de eletricidade e de gás. Dado que a produção de eletricidade nos EUA continua a basear-se em combustíveis fósseis, começamos a investir nesta empresa, uma vez que a empresa está focada em aumentar a produção de energia renovável, adaptando os seus sistemas para fornecer energia mais limpa e reforçando, simultaneamente, a sua capacidade de resistir a acontecimentos externos”.

Tanto Sørensen como Henning Padberg continuam a encontrar importantes oportunidades de investimento resultantes de fatores climáticos e ambientais que influenciam as tendências sociais, a rentabilidade das empresas e o preço das ações. “As nossas perspetivas gerais sobre o potencial a longo prazo do setor não mudaram, sendo apoiadas por sólidos fatores subjacentes. Muitas soluções climáticas são economicamente viáveis, geram rendimentos atrativos e oferecem prazos rápidos de amortização. Vemos um aumento estrutural da adoção de muitas soluções climáticas globais que acrescentam benefícios económicos e ambientais aos utilizadores finais”.

Eficiência dos Recursos

Segundo os gestores, as soluções do seu grupo de Investimento em Eficiência dos Recursos continuam interessantes para os investidores, graças aos atrativos rendimentos e prazos de amortização.

“A poupança em eletricidade, o menor uso de recursos disponíveis ou a utilização de produtos mais eficientes traduz-se diretamente numa melhor proposta de valor para os nossos clientes. Acreditamos que os nossos produtos de investimento, como Materiais Avançados, Eficiência Energética, Eco-Mobilidade, Construção Inteligente, Agricultura Inteligente e Rede Inteligente, continuam a ser opções muito atrativas do ponto de vista sustentável, juntamente com uma maior inovação que pode acelerar o crescimento estrutural”.

Proteção do Meio Ambiente

Quanto às soluções fornecidas pelo grupo de Investimento em Proteção do Meio Ambiente, sublinham que beneficiam cada mais da crescente sensibilização dos consumidores, das empresas e dos políticos para questões ambientais.

“Os consumidores desejam reduzir o seu impacto ambiental, adotar soluções mais limpas e melhorar a sua saúde com opções mais naturais. As empresas começaram a pôr em marcha estratégias de sustentabilidade em todas as áreas da organização em benefício dos clientes, dos empregados, com o objetivo de cumprir os regulamentos. Isto leva a um aumento das normas ambientais, de sustentabilidade e de qualidade em muitas áreas, beneficiando as nossas estratégias de investimento como a Água e Ar Limpos, Serviços Ambientais, Consumo Verde, Silvicultura Sustentável e Gestão de Resíduos”, indicam.

Energias Alternativas

No que diz respeito às soluções do grupo de Investimento em Energias Alternativas, os gestores afirmam gozar de uma popularidade cada vez maior, uma vez que os recursos renováveis alcançaram a igualdade com a rede elétrica. 

“A energia solar e a eólica podem produzir energia a um custo nivelado de eletricidade (LCOE) que é inferior ou igual ao preço de compra da energia da rede elétrica. Os avanços tecnológicos, a inovação e a industrialização irão assegurar que a curva de custos das renováveis continue a diminuir, que o financiamento verde seja abundante e que, por isso, o crescimento do volume continue saudável”, concluem.