O impacto e a abordagem temática dos investimentos são dois dos temas em que a indústria tem vindo a centrar-se mais nos últimos anos. Dois temas altamente atuais aos quais a gestora suíça Vontobel AM quis dedicar uma reunião com a imprensa, com o objetivo de destacar os seus últimos desenvolvimentos no terreno e a centralidade que estes dois aspetos têm na sua oferta de produtos.
O evento foi aberto por um discurso do diretor de Investimento Dan Scott, que sublinhou como os temas de investimento ligados às tendências futuras são um elemento fundamental do processo de alocação de ativos de ações. Num mundo onde as mudanças se estão a manifestar cada vez mais a nível global e transversal, Scott acredita que já não é possível ignorar um foco temático na construção de carteiras.
“A forma hierárquica de classificar as ações globais através do GICS (Global Industry Classification Standards) é agora obsoleta”, disse Scott. “Tradicionalmente, ao identificar onde nos vamos focar, começávamos a partir de uma visão do PIB de um país e depois passávamos para uma análise do seu mercado de valores. Mas agora temos de pensar de uma forma diferente, porque empresas semelhantes que operam em diferentes países enfrentam os mesmos desafios do mundo contemporâneo, relacionados com a automação dos processos, a digitalização e as alterações climáticas”, explica.
E como prova disso, cita o exemplo da indústria tecnológica, que é cada vez mais difícil de considerar um setor em si. “Uma componente tecnológica está agora presente em todos os setores económicos”, conta Scott. “Vejamos o caso da John Deere. À primeira vista é só uma empresa de tratores. Na verdade, é sabido que a Deere concentra-se muito na inovação, com uma boa parte dos lucros investidos em novos softwares e na digitalização da agricultura”, explica Scott, que acrescenta: “Para nós é mais importante perceber quais as empresas inovadoras, independentemente do setor”.
Investimento de impacto
No processo de investimento da Vontobel AM, entra em jogo o conceito de impacto, que a longo prazo, segundo o gestor, coincide com a capacidade de uma empresa impulsionar mudanças positivas para o planeta, obtendo resultados tangíveis e mensuráveis do ponto de vista ambiental. “O investimento de impacto é a expressão final do ESG”, diz o diretor de Investimentos, que reitera a importância da gestão ativa para identificar as melhores oportunidades relacionadas com o impacto e a sustentabilidade. Em muitos casos, os ETF, embora alinhados com o Acordo de Paris, têm pouco significado em termos de impacto, porque excluem dos índices setores e empresas com elevadas emissões. Mas entre elas também há empresas que geram um impacto positivo”, explica. “Em muitos casos, com ETF sustentável, por exemplo, não é possível comparar uma empresa como a Vestas que produz turbinas eólicas e faz parte da indústria do aço de altas emissões. Em vez disso, compramos ações como o Facebook ou a Microsoft porque não têm impacto em carbono, pelo menos à primeira vista”, argumenta.
Em seguida, passou a palavra para Pascal Dudle, responsável de Listed Impact e gestor do Vontobel Clean Technology, estratégia pioneira no investimento de impacto. Lançado em 2008, é muito apreciado pelos investidores ibéricos. E prova deste interesse, o fundo alcançou Selo FundsPeople 2021 pela sua classificação de Blockbuster. “É importante para avaliar a transição de uma empresa a longo prazo, não de uma perspetiva estática”, afirma Dudle.
“Quando olhamos para uma empresa, focamo-nos nos objetivos que estabeleceu. Avaliamos as fases definidas no caminho de transição e depois monitorizamo-las”, explica. “É preciso sair de uma mentalidade instantânea que está demasiado focada nas avaliações. É mais interessante avaliar um modelo de negócio ao longo do tempo”, acrescenta.