Carlos Pinto (Optimize IP): “O grande contribuidor para a performance positiva do fundo foi o seu posicionamento ativo, sem um vínculo direto a algum índice”

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Carlos Pinto. Créditos: Vitor Duarte

Continuando com a análise dos fundos geridos por entidade nacionais mais rentáveis do último ano, eis que chega a vez dos multiativos de alocação moderada. O vencedor nesta categoria é, pelo segundo ano consecutivo, o Optimize Portugal Golden Opportunities Fund, com um retorno de 17,34%. Focado no mercado português “sem exigir o nível de concentração e volatilidade” que, segundo Carlos Pinto, gestor de Investimentos sénior da Optimize Investment Partners, tem assustado os investidores nesta alocação doméstica. Essa é uma das características diferenciadoras do Optimize Portugal Golden Opportunities Fund, apontadas pelo gestor, comparativamente com os fundos da sua categoria, e que se reflete nos resultados obtidos. Caracteriza-se, ainda, por ser um produto elegível para vistos gold e com uma “exposição mínima de 60% a ações de empresas domiciliadas em Portugal”, sendo que alocação média, no geral desta classe de ativos, rondou os 80% em ações no ano passado. O fundo terminou 2023 com “uma exposição de 75% em ações e 25% em obrigações”, assumindo esse como o ponto de partida para 2024.

A gestão mais ativa, sem vínculo a algum índice, é uma das causas apontadas pelo gestor da Optimize Investment Partners para o desempenho positivo do fundo. “Só assim foi possível bater a performance absoluta do PSI 20 Total Return, apesar de apresentar uma volatilidade muito mais reduzida”, diz. A componente acionista, como já referido anteriormente, é atualmente o foco do fundo e a quem é, naturalmente, atribuída a principal responsabilidade pelos resultados positivos. 

O que conta são as ações (mas não só)

Nesse campo, como grande protagonista do Optimize Portugal Golden Opportunities Fund, Carlos Pinto destaca a Mota-Engil, cuja exposição na carteira chegou por diversas vezes aos 7%, aproximadamente, durante o ano”. O “projeto ambicioso”, nas palavras do profissional, que levou a construtora portuguesa a fechar vários contratos, nomeadamente na América Latina, foi um driver de desempenho positivo para a empresa e, consequentemente, para o fundo.

Outro nome apontado é a Ibersol, “que após ter vendido os direitos que tinha no Burger King, permitiu cristalizar muito valor e adicionou um ambicioso programa de compra de ações próprias”. A alocação da multinacional de alimentação e restauração no fundo, “oscilou entre os 4,5% e os 7%, o que acabou por proporcionar um contributo muito relevante à carteira”. Não obstante, a componente obrigacionista teve, também, um contributo “relevante na diminuição da volatilidade, assim como na performance absoluta, beneficiando da descida das yields nas emissões financeiras, mais expressivamente desde o segundo trimestre do ano passado”, relata o profissional da Optimize Investment Partners. 

Em coerência com a generalidade do mercado, também o setor bancário é referenciado pelo gestor, particularmente o Millennium BCP. As margens financeiras provocadas pelas constantes subidas das taxas de juro desde 2022, tornaram este um setor atrativo para a carteira, na perspetiva da entidade gestora. Algo que já no ano anterior tinha sido apontado com uma razão para o desempenho positivo do fundo em 2022. No sentido inverso e, por conseguinte, com um desempenho mais condicionado, é apontado o setor dos serviços públicos. Ainda que a alocação não se concentre num ou dois setores, apenas, falar em diversificação através de alocação setorial, é algo que o profissional minimiza. “O universo de investimento em ações e obrigações nacionais é muito circunscrito, pelo que a relevância na diversificação setorial tem um peso muito limitado”, explica.