“Muitas pessoas acham que os bancos centrais têm uma bola de cristal e total controlo sobre a economia e os mercados financeiros, e isso não é verdade. Mais do que ouvir o que os bancos centrais estão a dizer no momento, tendemos a focar mais em como está o mercado a refletir os riscos nos preços dos ativos financeiros, sobretudo nos mercados de taxa de juro”, explica Carim Habib. E o profissional acredita que os mercados estão a refletir, corretamente, três temas: uma contração da economia, inflação estrutural mais elevada e taxas de juro de longo prazo mais baixas. “Especialmente nos Estados Unidos, temos visto recentemente uma maior inclinação na curva, especificamente entre os três meses e os 10 anos. Isto faz-nos prever o final de um ciclo nos Estados Unidos. Um final que terá os seus custos para a economia, que não serão negligenciáveis, mas que também não serão massivos no longo prazo”, aponta o profissional.
“E já estamos a ver esses custos, nomeadamente a mini crise bancária das últimas semanas”. Como consequência, acredita que a taxa terminal será muito mais baixa do que aquela que a Fed está a prever, ou pelo menos que está a comunicar que será. “Estudos apontam para que o impacto da crise nos Estados Unidos seja o equivalente em termos de contração das condições financeiras a uma subida de 150 pontos base nas taxas de referência”, expõe.
Já na Europa, apesar de considerar que é uma economia com muito potencial, no curto prazo vê um conjunto de riscos no caminho. “Vivemos tempos muito desafiantes na Europa. Acredito que o BCE poderá estar um pouco atrás da curva e terá de ser forçado a desativar o ciclo de subidas de taxas de juro mais cedo do que pensa”, prevê.
4/4