TRIBUNA de Álvaro Ánton Luna, responsável mercado português da abrdn. Comentário patrocinado pela abrdn.
Com algumas exceções, os indicadores económicos em todo o mundo estão a mostrar sinais de abrandamento, o que cria um cenário desafiador para as empresas de menor dimensão. No entanto, acreditamos que existem boas razões para não ignorar esta classe de ativos, mesmo no ambiente de incerteza atual. Apresentamos a nossa argumentação com base em quatro gráficos.
Valorizações atrativas vs. large caps
O nosso ponto de partida são as valorizações. Como mostra o Gráfico 1, as empresas europeias mais pequenas estão a negociar em mínimos históricos comparativamente às de grande capitalização. Este fator é evidente no Reino Unido e globalmente. Na nossa visão, isto significa que oferecem um ponto de entrada atrativo para os investidores. E mostramos o porquê nos próximos dois gráficos.
Gráfico 1: small caps europeias vs. large caps europeias
Small caps e recessões: os dados podem ser surpreendentes
A maioria dos investidores acha que as empresas mais pequenas têm um desempenho inferior em tempos de recessão. Na maioria dos casos, é verdade. O que a maioria dos investidores não sabe é que, geralmente, as empresas mais pequenas saem das recessões mais rápido do que pensamos, superando as de grande dimensão. Esta recuperação pode começar apenas três meses depois da entrada em recessão. O Gráfico 2 mostra o desempenho médio relativo das small caps americanas comparativamente às grandes empresas antes, durante e após recessões (desde a década de 1980).
E isso acontece porque o mercado tende a precificar uma recuperação económica antes de esta se materializar. Mas esta tendência não faz parte da tradicional narrativa de como funciona a dinâmica small caps vs. large caps. Acreditamos que isso cria oportunidades para os investidores ativos.
Gráfico 2: desempenho relativo Russel 2000 vs. S&P 500 perto de recessões
As empresas mais pequenas puxam pelo mercado?
Com base no Gráfico 2, as evidências mostram que as empresas mais pequenas recuperam mais rapidamente do que as grandes após períodos de queda. As small caps são mais ágeis e reagem mais rapidamente às alterações que ocorrem no clima empresarial. Estas empresas conseguem aproveitar as novas oportunidades que uma economia em crescimento oferece. O consequente aumento da apetência pelo risco por parte dos investidores também ajuda as empresas de pequena dimensão. O gráfico seguinte também se refere à Europa, mas testemunhámos este fenómeno em todas as geografias.
Gráfico 3: as empresas mais pequenas puxam pelo mercado?
Large Cap | ||||
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Data de início | Data de fim | Queda large cap | Data de recuperação | Tempo de recuperação (m) |
Set 2000 | Mar 2003 | -49,30% | Dez 2019 | 202 |
Jul 2007 | Mar 2009 | -66,50% | Abr 2015 | 73 |
Mai 2011 | Nov 2011 | -27,60% | Jan 2013 | 13 |
Jun 2018 | Dez 2018 | -23,80% | Mai 2019 | 4 |
Fev 2020 | Mar 2020 | -41,40% | Mai 2021 | 14 |
Small Cap | ||||
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Data de início | Data de fim | Queda small cap | Data de recuperação | Tempo de recuperação (m) |
Set 2000 | Mar 2003 | -59,00% | Jan 2005 | 23 |
Jul 2007 | Mar 2009 | -60,40% | Jan 2014 | 58 |
Mai 2011 | Nov 2011 | -21,70% | Jan 2013 | 14 |
Jun 2018 | Dez 2018 | -15,80% | Dez 2019 | 12 |
Fev 2020 | Mar 2020 | -35,40% | Jan 2021 | 10 |
Foco em empresas de crescimento de qualidade
Claro que nem todas as small caps são iguais. No cenário atual, favorecemos empresas de crescimento de qualidade. Durante períodos de crise, os investidores tendem a favorecer empresas com uma rentabilidade robusta, bom fluxo de caixa, gestão forte e indicadores ESG (ambientais, sociais e de governação corporativa) sólidos. Elevadas barreiras à entrada, motores de crescimento únicos e poder de fixação de preços também são características atrativas. Em contrapartida, as empresas com níveis elevados de dívida ou que dependam de fatores externos para serem bem-sucedidas não são tão interessantes.
É importante mencionar que, como vemos no Gráfico 4, as ações de crescimento de qualidade já não estão sobrevalorizadas, oferecendo um potencial de subida. Também levam vantagem em relação aos yields das obrigações e às ações de valor americanas, que se encontram próximas dos níveis observados durante máximos de mercado anteriores.
Gráfico 4: as ações de crescimento já não estão sobrevalorizadas (MSCI Europe ex UK)
As ações de crescimento já não estão sobrevalorizadas (MSCI UK)
Conclusões
A perspetiva atual é desafiante. Tendo isso em conta, muitos investidores avessos ao risco podem evitar empresas de menor dimensão. No entanto, acreditamos que existem boas razões para não o fazerem. Os dados históricos mostram que as small caps recuperam de recessões mais rapidamente do que se pensa. Também tendem a ter quedas mais expressivas do que as large caps. Com valorizações historicamente atrativas, acreditamos que agora é um bom momento para olhar para empresas de alta qualidade antes de qualquer recuperação.
O valor dos investimentos e o rendimento resultante dos mesmos podem diminuir, assim como aumentar, e os investidores poderão recuperar menos do que o montante que investiram. Os resultados anteriores não são um indicador dos resultados futuros.