O gestor explica que, nestes momentos, dá mais valor aos vencimentos a cinco anos do que aos de dois anos, pois a parte central depende menos dos bancos centrais do que a extremidade mais curta.
Em termos gerais, Philippe Dehoux, responsável de Obrigações Globais na Candriam, continua convencido da necessidade de sobreponderar taxas num contexto de desinflação e enfraquecimento do crescimento. O Candriam Bonds Euro Short Term tem preferência pela parte central da curva (vencimentos a cinco anos) em relação à extremidade mais curta a dois anos, entendendo que a primeira é menos dependente da ação dos bancos centrais do que a segunda.
“Ainda que mantenhamos uma convicção neutra sobre o crédito investment grade em euros (dados os níveis atuais de spread, vemos um risco de ampliação para créditos a longo prazo no caso de se materializarem certos riscos), o rácio de rentabilidade/risco oferecido pelas obrigações com vencimentos intermédios de 3 a 5 anos faz com que valha a pena aproveitar para investir a estes níveis de yield, quando a expetativa é ainda de uma queda no nível de inflação em 2024”, explica.
Posicionamento atual
Atualmente, Dehoux e a sua equipa mantêm uma posição de duração sobreponderada de +25 pontos base face ao índice de referência, o iBoxx Overall 1-4Y. “Implementamos isto mediante uma posição direta em futuros das obrigações alemãs a cinco anos. Em termos de crédito, mantemos uma posição sobreponderada em comparação ao índice de referência. De facto, a sobreponderação do fundo em crédito é estrutural, visto que acreditamos que o crédito a curto prazo oferece um perfil de rentabilidade/risco particularmente atrativo”.
Atualmente, 70% dos ativos do fundo estão investidos em crédito (face a 26% do índice de referência). “Estamos sobreponderados em aproximadamente 22% em crédito financeiro e 22% em crédito não financeiro, enquanto mantemos subponderação em ativos soberanos, quasi-soberanos e dívida colateralizada. Gostamos dos emitentes financeiros que beneficiam de um balanço forte, um modelo de negócio sólido e margens cómodas. Dentro da estrutura de capital, preferimos emissões séniores não preferenciais. Entre os não financeiros, gostamos de setores mais defensivos, como o da saúde e o das telecomunicações. Quanto aos emitentes do espaço imobiliário, somos muito prudentes e mantemos uma posição subponderada”, revela.
O gestor sublinha que, em todos os momentos, prestam atenção ao risco de queda e favorecem ativos líquidos e de alta qualidade, ao mesmo tempo que continuam a ser seletivos nos seus investimentos. “Dependemos da nossa rigorosa análise interna, integrada com critérios ambientais, sociais e de governo corporativo (ESG), e preferimos empresas com qualificações sólidas e baixa alavancagem”.
Últimas alterações feitas à carteira
Em setembro, com o aumento das taxas no início do mês devido à combinação de preços do petróleo em ascensão, dados sólidos dos EUA e comentários de membros do BCE, decidiram aumentar a sua posição em duração em 25 pontos base, expressada através do segmento a cinco anos da curva, que consideram ser mais valioso do que a extremidade curta.
“A nossa decisão foi impulsionada, entre outras coisas, pela contínua desaceleração dos dados económicos da zona euro e pelo nível atrativo de yields. Olhámos para a reunião do BCE, que ocorreu no dia 14 de setembro, como um fator de risco, e a comunicação ao redor da decisão teve uma clara inflexão hawkish. As taxas a curto prazo, consequentemente, continuaram sob pressão. Não obstante, com dados económicos continuamente fracos, incluindo os PMI alemães muito débeis, e uma dinâmica de inflação a desacelerar, acreditamos que a janela de oportunidade para outro aumento de taxas estreitou-se substancialmente”, conclui.