A França foi o primeiro país europeu a introduzir uma taxa sobre transacções financeiras, também conhecida como Taxa Tobin, que entrou em vigor ontem e que terá impacto, entre outros, na negociação de acções cotadas na bolsa de Paris.
Com a aprovação do Orçamento de Estado passou a estar em vigor em 2012 uma taxa de 0,2% a aplicar na compra de acções e de outros valores mobiliários emitidos por mais de uma centena das maiores empresas francesas (as que tinham capitalização bolsista superior a mil milhões de euros no ano fiscal que está em curso).
A medida irá ter impacto sobre a actividade de todos os que transaccionam títulos das referidas empresas, entre os quais os corretores portugueses, que negoceiam tanto para clientes particulares como, ao nível dos institucionais, para fundos de investimento e de pensões.
Além de acções e títulos de dívida, a taxa que entrou ontem em vigor irá também aplicar-se a produtos derivados para cobertura de risco de crédito ('credit default swaps'), assim como a warrants, futuros e opções. Alvo desta taxa será também o 'high frequency trading'. Um custo que, pelo menos em parte, deverá vir a ser passado para o cliente final.
Fontes da área da corretagem sublinham os impactos que esta medida pode vir a ter numa redução da liquidez, e consequente aumento da volatilidade, num momento de mercado que tem sido dominado por instabilidade e incerteza, nomeadamente associadas à crise da dívida soberana na Zona Euro e ao abrandamento das principais economias mundiais.
De acordo com a última estatística da CMVM de ordens recebidas pelos intermediários financeiros, a França aparecia em primeiro lugar como destino das ordens executadas sobre acções fora de Portugal - 391,7 milhões de euros -, seguindo-se Alemanha e Estados Unidos.
Nas ordens sobre dívida (pública e privada), a França aparece em quarto lugar como destino das ordens, atrás de Reino Unido, Alemanha e Luxemburgo.